Afinal, o que é o Sagrado Feminino?

Como começar a falar sobre algo que é ao mesmo tempo sutil e profundo? Simples e complexo? Tão objetivo quanto subjetivo? A resposta é que não há apenas uma resposta. Não há uma definição absoluta do que é o Sagrado Feminino. Nunca haverá. Assim como a natureza, que pulsa vida a todo instante, o significado de ser mulher se transforma a cada vez que nos permitimos olhar para ele. Aí já está uma pista para ficarmos atentas: quando falamos sobre o que é sagrado, falamos sobre o que é natural…

O Sagrado Feminino é o respeito à mulher que somos. É o resgate da conexão da mulher com a sua natureza. Uma reconexão que se dá dentro de nós, quando eu olho para o meu corpo, o meu ciclo menstrual e os meus órgãos criadores, o útero e os ovários, mas que também acontece do lado de fora, quando eu percebo que a (T)terra é a minha verdadeira casa, que me acolhe e me nutre. É ainda a reconexão com a face divina que há em cada mulher, por meio da espiritualidade que não precisa mais de intermediários. E tanto mais.

Em algum momento, por um ou vários motivos que já não importam mais, as mulheres passaram a sentir dor. Mesmo sem saber, vivemos nossos dias por muito tempo sentindo a dor de não poder ser quem realmente somos. Só pelo fato de ser mulher já parecia que havia algo “errado” com a gente. O Sagrado Feminino vem para nos mostrar que isso que aprendemos é mentira. Está tudo certo em ser mulher. Está tudo bem em ser quem somos. Acima de tudo, o renascimento da beleza e da força da energia feminina serve para nos libertar de crenças, padrões e ilusões que nos deixavam distantes do nosso poder pessoal.

Viver o Sagrado Feminino não é uma receita de bolo, não tem um cronograma e não requer uma mudança de 360º nas nossas vidas. Sabemos que toda transformação verdadeira se dá aos poucos. Afinal, uma semente não vira fruto do dia para a noite… Assim, há aquelas que começam por deixar os hormônios artificiais de lado e acompanhar seus ciclos com mandalas lunares, outras despertam com a intensa experiência da maternidade, algumas percebem que quando correm com os lobos finalmente se sentem livres… São infinitas as maneiras de redescobrir quem é essa mulher que somos.

É um processo diário de autoconhecimento que pode e deve ser vivido com alegria e leveza. Mas não a todo tempo, porque também temos nossas noites de tempestade. O Sagrado Feminino está no ciclo da lua, nas práticas de ginecologia natural, nos livros sobre psicologia da mulher, nas mãos que plantam e colhem, no corpo que sangra e no que não sangra mais , na intuição que sopra, no colo das nossas ancestrais, no 1º diploma de uma mulher na família e com todos que se identificam com essa energia . Está dentro de cada uma de nós, na nossa essência. Podemos ter ido para muito longe, mas voltar para casa nunca esteve tão perto. Com certeza, é uma jornada que vale a pena.

Por Priscilla Panizzon
Escritora e facilitadora do Sagrado Feminino. É autora do livro Toda Mulher é Sagrada, que reúne suas experiências pessoais após a descoberta da sabedoria ancestral feminina. Ela está no Instagram @pripanizzon e no todamulheresagrada.com.