Ressignificando a Produtividade

O mundo nos exige produtividade máxima o tempo todo. Como se fossemos máquinas, espera-se que mantenhamos os níveis de produtividade de forma constante e linear.

Porém, nós não somos constantes e lineares. Somos cíclicas!

Nós não somos máquinas. Somos humanas! E jamais seremos capazes de manter nossa produtividade sempre no topo.

A busca pela produtividade constante tem nos desconectado da nossa essência cíclica e nos levado a negligenciar nossas necessidades pessoais, gerando adoecimento nos níveis físico, mental, emocional e espiritual.

Compartilho abaixo 3 chaves importantes que você pode começar a virar internamente, a fim de estabelecer um relacionamento mais respeitoso e amoroso consigo mesma, respeitando seus ciclos, seu ritmo interno e suas necessidades, em prol de uma vida com mais equilíbrio e saúde em todos os níveis.

1ª chave 🔑 Parar de buscar um dia PRODUTIVO e começar a buscar um dia PROVEITOSO:

O dia produtivo é aquele em que você risca todas as pendências da sua lista (que muitas vezes é feita de forma irreal e não factível, desconsiderando os imprevistos diários e as suas necessidades pessoais). Sendo assim, quando se busca pelo dia produtivo, a tendência é trabalhar em um ritmo desenfreado e desrespeitar seus próprios limites. E quando você sente que não foi produtiva, bate uma frustração enorme, seguida de culpa, autojulgamento e autopunição.

Já o dia proveitoso é aquele em que você coloca o seu foco e celebra as coisas boas, importantes ou prazerosas que aconteceram, ainda que você não tenha concluído toda a sua lista. Buscar um dia proveitoso não significa deixar de planejar o seu dia e listar as suas prioridades. Significa, no entanto, ser mais flexível e realista ao fazer esse planejamento, lembrando que você é um ser humano e não uma máquina. Dessa forma, você se planeja levando em consideração que:

– Você possui necessidades que precisam ser atendidas (inclusive de pausas e descanso).
– Você é cíclica e não linear (terá oscilações no seu nível de energia, disposição e produtividade. E está tudo bem).
– A vida é uma caixinha de surpresas e nem tudo está sob o seu controle ou ao seu alcance.
– Você pode escolher se perdoar ao invés de se culpar quando algo se distancia do esperado.
– Você precisa e merece relaxar e desfrutar (e não apenas produzir o tempo todo).

 

2ª chave 🔑 Parar de buscar a PERFEIÇÃO e começar a buscar a IMPECABILIDADE:

A perfeição não passa de uma ilusão que perseguimos sem sucesso, o que gera sofrimento e desperdício de tempo ao longo do processo.

Já a impecabilidade, como nos ensinam os Toltecas, significa dar sempre o melhor de si, considerando que o seu “melhor” vai variar de um momento para outro, conforme sua saúde, nível de energia e disposição, entre outros fatores internos e externos.

Exemplo 1: Você dormiu bem e acordou super disposta, com 100% de seu nível de capacidade. Se nesse dia você utilizou 95% da sua capacidade para realizar suas atividades, você não foi impecável, pois não deu o melhor de si (que naquele dia era 100%).

Exemplo 2: Você teve insônia e não dormiu a madrugada inteira. Acordou com 50% da sua capacidade. Se nesse dia você utilizou 50% da sua capacidade para realizar suas atividades, você foi impecável, pois você deu o melhor de si dentro das suas condições e possibilidades.

É possível dar o seu melhor sem precisar sacrificar sua saúde, seu tempo e seu bem estar. Tudo isso irá, inclusive, influenciar sua capacidade, que é cíclica e não linear, como tudo na natureza.

Além de mais humana e respeitosa, essa perspectiva não lhe parece mais realista também?

3ª chave 🔑 Substituir a CULPA pela RESPONSABILIDADE:

Ao longo da vida, aprendemos que pessoas culpadas merecem ser punidas. Dessa forma, agarrar-se ao sentimento de culpa gera a necessidade de autopunição. Assim, seguramos um “chicote invisível” e garantimos que seremos penalizadas de alguma maneira. E mantemo-nos andando em círculo, nos desmerecendo, diminuindo, culpando, castigando, penalizando e sabotando. Esse processo nos mantém presas àquilo que consideramos ter sido o nosso erro, impedindo que caminhemos para frente e resolvamos o problema.

Já a responsabilidade é um convite para a ação. Responsabilizar-se significa responder pelos seus atos. Assim, ao invés de ficar presas ao erro e perder tempo penalizando-nos, nós respondemos pelo erro, aprendemos com ele para não repeti-lo e buscamos formas de resolver o problema gerado pelas nossas ações.

Enquanto a culpa é o peso que carregamos nos ombros e nos impede de andar, a responsabilidade é a chave que levamos nas mãos e nos permite mudar.

É importante ressaltar que você ainda se sentirá culpada inúmeras vezes na vida. O problema não é sentir a culpa, mas agarrar-se a ela. Dessa forma, quando ela vier:

🍃 Respire fundo e abra espaço para senti-la.
🍃 Busque compreender o que você pode aprender com ela.
🍃 Solte-a, deixe-a ir.
🍃 Rompa o círculo e permita-se caminhar para frente, questionando-se:

– Como resolver esse problema?
– O que posso/devo fazer de diferente a partir de agora?
– Como deve ser a minha atitude desse momento em diante?

Virar essas chaves não é algo que fazemos da noite para o dia. Afinal, foram muitos anos nos tratando como máquinas, exigindo constância, perfeição e produtividade. Esse processo pode demandar tempo, dedicação, paciência e persistência. Mas resgatar nossa humanidade não tem preço. Aprender a respeitar o nosso funcionamento e retornar à nossa essência sempre vale a pena.

Conte comigo caso precise de ajuda nessa jornada!

Com afeto,

Ana Clara Mendes
Psicóloga, Terapeuta Integrativa e Mentora de Desenvolvimento Pessoal e Escolha de Carreira. Disponível no Instagram @anaclara.mergulhese